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PALAVRA PASTORAL

  

REFLETINDO SOBRE REUNIÃO E

COMUNHÃO DE CRENTES

Deus quer reunião ou união?

  

    Não é preciso muita inteligência nem muito conhecimento do meio, para qualquer pessoa descobrir que, para os crentes, o ponto alto de sua religião é a REUNIÃO.  Mais que o conhecimento bíblico, mais que a doutrina da igreja ou da denominação (que a maioria dos crentes não domina), mais que patrimônio e bens materiais, mais que a influência na sociedade ou a reputação, os crentes prezam acima de tudo pela REUNIÃO. [...]

     Mais denominadas de CULTOS, as reuniões dos evangélicos são a sua parte mais importante, bem como se tornam também a sua parte mais frágil e vulnerável. Pelo desejo de reunirem “todos os crentes”, as reuniões evangélicas acabam se tornando em investimentos de pouquíssimo retorno. Pela necessidade de se juntar todo tido de pessoas num só lugar, numa massa religiosa muito heterogênea, as reuniões de culto acabam tendo pouco proveito (que se dissipa em poucos dias), a não ser alguma possível influência emocional.  As reuniões dos crentes acabam se tornando opcionais para muitos e até dispensáveis. Não são poucos os crentes que não têm mais a prática de ir aos cultos. Eles as acham dispensáveis.  Isto é, para ser considerado hoje um crente razoável, eles acham que não é necessário frequentar todas as reuniões da igreja. Os próprios líderes sabem disso. E muitos se conformam com isso.

            [...]

    Em consequência desse modelo, a briga ou disputa pela liderança da igreja (o que infelizmente sempre há) acaba se concentrando na disputa pelo microfone, ou seja, pela direção das reuniões. 

[...] 

    Quem controla o microfone manda na igreja. E em nossos dias, podendo até generalizar, os ladrões e criminosos estão verificando também que é muito fácil “roubar” os crentes nos cultos. Associados com outros fatores, como a insegurança no deslocamento à noite, os crentes vão esvaziando as reuniões de todas as igrejas evangélicas. Esta é a nossa realidade. E as igrejas vão se enfraquecendo. [...]

E Deus, o que pensa disso?

     Se formos verificar a base bíblica, veremos que Deus não nos vê através das nossas reuniões, embora as reuniões de culto não deixem de ser importantes (1Co.14:26). No Antigo Testamento Deus não exigia reuniões. Eram poucas as vezes que se reunia a “qahal” (ASSEMBLÉIA).  No templo (tabernáculo também) não havia assentos para reuniões. O próprio conceito de adoração, ordenada por Deus (Mt.4:10) não exigia reunião (Sl.95:1,2,6). No Novo Testamento, durante toda a fase da Igreja Primitiva, não se construíram templos e, em consequência, não se reuniam juntos todos os santos. E não era necessário. Mas eles tinham UNIÃO. Porque sua união se baseava na unidade dos líderes. E a igreja era descentralizada. Pequena exceção é feita aos cristãos de Jerusalém, que iam juntos ao templo, tão somente por serem judeus. Mas suas reuniões mais importantes eram feitas nas casas (At.5:42). Em toda a História do Cristianismo, os capítulos mais importantes e os Avivamentos não aconteceram nas grandes reuniões, mas nas pequenas, com grupos caseiros e menores. As próprias instruções de 1Co.14 não se aplicariam a grandes reuniões.

     As grandes reuniões, de massa, de pouquíssimo proveito espiritual, têm mais servido à vaidade dos líderes do que a Deus. E a construção de grandes templos e catedrais somente para atender a isto. Em consequência, a estratégia de grandes reuniões e grandes templos se volta frontalmente contra a ordem do IDE do

Mestre: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura...” Em outras palavras: ESPALHAI-VOS.

      A necessidade que os cristãos têm de comunhão com outros cristãos, dificilmente é satisfeita em grandes reuniões. Ela se cumpre mais em grupos pequenos, caseiros, que se constituem em verdadeiras células de um corpo. E facilitam a UNIÃO dos irmãos.      Por outro lado, seria possível se viver a vida cristã sem se congregar? Não. Hb.10:25.

     Cada vez mais vamos entendendo que o nosso foco cristão deve ser colocado nas pessoas e não nas reuniões, nos relacionamentos e não nos ajuntamentos.       Modernamente, o avanço da tecnologia e a quase “onipresença” das redes sociais, têm confrontado a estratégia

“evangélica” de grandes reuniões. Por vezes, uma quantidade cada vez maior de crentes vai às reuniões com o celular ligado e o pensamento longe dali. A ciberinteração passou a fazer parte da vida de todos. E dentro desse contexto, a noção de

UNIÃO, COMUNHÃO (koinonia) espiritual, vem exigir cada vez mais que seja complementada através do uso das redes sociais, e não só através do contato físico das pessoas. Poderíamos tentar imaginar uma igreja virtual, uma comunhão através das redes sociais e uma reunião sem que as pessoas estejam “juntas”? De certa forma, é o que hoje ocorre com os que se convertem nos países “muçulmanos”, como o Irã. Sua comunhão com outros, bem como sua edificação espiritual, se dá virtualmente.  Existirá erro nisto?  Estamos prontos para entender uma comunhão sem reunião?  É possível termos união sem reunião?  Ou reunião sem ajuntamento (reunião virtual)? Podemos usar as redes sociais para pastorear o povo de Deus? Elas se permitem ser usadas espiritualmente?

     Nesses últimos tempos, em que a fé vai se esfriar de quase todos (Lc.18:8), até mesmo pela dificuldade das reuniões, estaremos encarando a manifestação do amor e a comunhão espiritual através das redes sociais? E se Satanás, através de seus prepostos no mundo (Zuckerberg etc.), começar a nos vigiar e cercear nossa comunhão? 

    Seria bom entendermos porque Deus deseja nossa UNIÃO e não

necessariamente REUNIÃO. Preparemonos para a vida cristã nos últimos tempos!

                Pr. Érico Rodolpho Bussinger 

 Ramá – Niterói

 

*Texto acima na íntegra   encontra-se  no blogdopastorerico.com/2017

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